Google Custom Search

As aventuras do Q*Bert brasileiro ...

De: Divino <divino_at_p...>
Data: Sun, 27 Jan 2002 16:15:07 -0300

EL> Alias isso me lembrou uma coisa... vc pediu pra lembrar vc de
EL> contar uma história dos cartuchos Q-Bert que ficaram encalhados,
EL> algo assim. Conta ai então !!! eu sui muito curioso pra conhecer
EL> essas histórias, o que rolou na época, é muito interessante !!!

Nem lembrava disso, mas lembro da saga do Q*Bert ...

Eu tinha ido pros EUA com os caras da Accoustics e o Q*Bert era a
febre do momento por lá.

Eu era o "consultor informal" que aprovava ou não os jogos que
seriam trazidos para o Brasil e raramente errava numa avaliação
mas errei feio no Q*Bert pois aprovei o jogo, achando que ia
estourar no Brasil também, mas ninguém comprava ele por aqui.

Naquela época a gente comprava no máximo umas 100 cópias de um
jogo e raramente duravam mais que uma semana na loja, mas o Q*Bert
foi diferente, ele vinha nos EUA com uma camiseta acompanhando o
cartucho e o dono da Accoustic fez um trato lá com o "dealer" e
comprou 300 cartuchos sem a tal camiseta, a um preço mais barato.

Em duas semanas não tinha saído mais que 2 ou 3 cartuchos do
Q*Bert, ninguém queria e o treco ficou encalhado.

Ai o cara me chamou e disse que queria fazer uma promoção do
Q*Bert para se livrar do encalhe, levei o bicho pra casa e fiquei
treinando umas duas noites seguidas pra entender todo o jogo e
pegar os macetes para demonstrar.

Na loja eu deixava o Q*Bert ligado direto no aparelho de
demonstração e vencia todas as fases explicando a história do
jogo, etc e tal e consegui fazer vender mais.

Ai o dono da loja - pra me entusiasmar - disse que eu ganharia 1
dolar por cada Q*Bert vendido naquela semana, o resultado é que
vendi em apenas uma semana os 200 e tantos Q*Berts e faturei 200
dólares redondinhos para gastar a vontade na próxima viagem
(naquela época só se comprava dolar nos bancos se fosse viajar
para o exterior).

Mas não foi só isso, tornei-me um expert no Q*Bert, fui
entrevistado por jornais e cheguei a dar até palestra sobre o
Q*Bert, numa feira de informática no Rio Centro.

Me aprofundei tanto que meu segundo jogo para o TK 85 (e
congeneres) foi justamente o Q*Bert e sei lá como eu consegui
recriar o ambiente 3D usando apenas as letras do teclado -
basicamente as barras / \ - e mais os caracteres especiais do
Sinclair. Ficou duca e ainda fiz um desenho do Q*Bert se
movimentando, usando os "plots" do Sinclair, que permitiam
"desenhar" com uma resolução de 64 x 42 pixel.

Nesta mesma feira do Rio Centro o stand da Prológica tinha
exatamente uma quadra e estava todo rodeado de televisores ligados
no CP 200 com o Q*Bert pulando na tela ...

Não ganhei nada por isso, mas foi bom para meu ego de programador
ver minha obra ali sendo mostrada como o ponto alto do stand.

O mais engraçado de tudo isso é que eu NUNCA GOSTEI do Q*Bert,
achava um jogo chato e repetitivo, mas quem me visse "vendendo" o
peixe dele ia jurar que eu amava o Q*Bert :8))

Só espero que os caras nos quais eu enfiei o Q*bert pela garganta
tenham gostado mais do que eu e que nenhum frequente esta lista e
resolva me processar no Procom ... até porque o crime já deve ter
caducado :8)))

Por outro lado, com o passar do tempo acabei vendo o Q*Bert com
outros olhos e hoje gosto dele, tanto que estou planejando fazer
uma reedição do bichinho em Flash, vai se chamar Pigbert :8)))

Um grande abraço,

Divino Leitão
Recebida em Sun 27 Jan 2002 - 10:14:28 BRST

This archive was generated by hypermail 2.2.0.