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Re: [CANAL 3] A Entrevista com Gabriel Almog

De: PrOfUnD Darkness <profund_at_s...>
Data: Thu, 21 Mar 2002 16:26:26 -0300 (BRT)

Foi bastante interessante o que o Almog falou sobre o MegaVision.
Realmente a Sega perdeu um processo referente a essa mensagem, mas a
história ficou meio mal contada. Pra quem curte um pouco de história, é
legal conhecer essa:

Em 1991, a Sega adicionou ao boot do Genesis um código que foi chamado
de TMSS (TradeMark Security System), que nada mais fazia do que checar o
cabeçalho do cartucho em busca do texto "SEGA", e então mostrava a tal
frase "Produced by or under License from Sega Enterprises LTD". Os
cartuchos não licensiados não possuiam essa string, o que inabilitava eles
de rodarem nos consoles lançados de 1991 para frente. Um exemplo foi
dado na "Winter Consumer Eletronics": Um executivo da Sega pegou um jogo
desenvolvido pela Accolade(Ishido), e tentou rodá-lo no console com TMSS
acionado. Como esperado o jogo travou, não rodando.

A Eletronic Arts foi uma das primeiras empresas a sofrer com o
TMSS, e então resolveu se licensiar.
A Accolade estava com vários jogos em produção(Star Control, Hardball,
Turrican, Mike Ditka Power Football e Onslaught), e resolvendo arriscar,
conseguiu através de engenharia reversa descobrir como o TMSS funciona, e
então simplesmente copiaram o cabeçalho para seus cartuchos.

Após os lançamentos dos jogos da Accolade, a Sega Americana entrou com um
processo contra a Accolade.

Essa foi uma batalha que durou até 1992 e que todos davam a vitória a
Sega, inclusive a própria Accolade admitia uma certa derrota. Mas
aconteceu o contrário. A Accolade ganhou, por que os juízes chegaram a
conclusão que o trabalho de engenharia reversa que eles tinham feito não
infringia qualquer lei e inclusive era algo de direito deles, mas não
levaram em consideração que eles tentaram ganhar dinheiro em cima do que
tinham descoberto.

No final a Sega e Accolade chegaram a um acordo, onde a segunda tinha que
produzir 5 jogos de Genesis para cada jogo desenvolvido para outra
plataforma (por isso existe tanta porcaria da Accolade para o Mega).

Essa disputa é até hoje lembrada, por que dá o direito de qualquer pessoa
fazer engenharia reversa em algo que tenha adquirido, desde que não
seja usado nenhum código do original em algo que você esteja desenvolvendo.
E se pararmos para pensar, essa lei se encaixa muito
bem hoje no caso de emuladores, e até do Linux, onde os drivers para
periféricos são desenvolvidos através de engenharia reversa.

Então a Dynacom realmente não poderia comercializar o MegaVision no
Brasil, devido aquela mensagem aparecer na inicialização do console.

PD

On Thu, 21 Mar 2002, Eduardo Luccas wrote:
>
> CANAL 3: A Dynacom lançou também o MegaVision, que era um console
> compatível com o MegaDrive. Parece-nos que ficou pouco tempo no mercado.
> Conte-nos um pouco sobre isso. A Dynacom teve problemas legais com a TecToy ?
>
> GABRIEL ALMOG: Sim tivemos problemas - alguns dos consoles (uma parcela
> pequena e inexplicável) tinha no Chip controlador de video com dados
> gravados com a frase "Licenciado pela Sega" - eram Chips de um fabricante
> de engenharia reversa que não se preocupou em retira-los, e que foram
> acrescidos alí pela Sega para aparecerem na tela da TV toda vez que era
> colocado cartucho desenvolvido por empresa independente NÃO LICENCIADA pela
> Sega. Esta prática de gerar uma mensagem falsa, dando a impressão de que o
> fabricante do cartucho alega estar "licenciado" (esta licensa não é
> necessária), quando na verdade não o é,foi considerada uma prática desleal
> e julgada portanto como improcedente nos EUA num julgamento CONTRA a Sega.
> Infelizmente no Brasil esta tese não foi sequer "considerada" pelo perito
> (e por conseguinte, pelo Juiz do caso), e aíresolvemos interromper a
> produção/comercialização deste console preferindo não incorrer em risco de
> gerar volume de venda que poderia ocasionar compensações.
>

PrOfUnD Darkness
Colecionador de Videogames
SEGA!!
Recebida em Thu 21 Mar 2002 - 11:25:47 BRT

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