Comentando o mail do Jorge e dando minha visão de quem está aqui nos EUA
tb, já aviso que o mail é longo e tem uma série de palavras off topic,
hehehehe!
Bom, sobre os preços exorbitantes eu concordo! R$240,00 num jogo desses
é muito mesmo! Mas como não são fabricados no Brasil, ficam caros
justamente na hora do câmbio + os impostos.
Veja que um lançamento para PS2, NGC ou XBOX custa US$50.00.
Multiplicando por R$ 3,20 dá uns R$160,00. Coloque o lucro de quem traz
o troço pro Brasil, mais os impostos (em geral de 50%)... ficou "barato"
por R$240,00.
É foda mas é a realidade.
O que pega mesmo é que US$50,00 para um americano (a média de renda
baixa aqui nos EUA é de US$1200,00 ao mês, para quem faz serviços de
segunda categoria como servir mesas e entregar jornais) é bem menos que,
digamos, R$160,00 pro brasileiro, que ganha isso de mínimo ao mês
fazendo o mesmo serviço e ainda teria que alimentar uma família.
Só dando o grau da diferença, um promotor de justiça (5 anos de
faculdade de direito + 2 anos de experiência como advogado + concurso
público) ganha R$4000,00 em início de carreira... o mesmo praticamente
que o garçon americano mencionado acima.
E sobre a pirataria, hoje mesmo vi no canal G4 (um canal a cabo aqui com
programação 24 horas dedicada a games), que a IDSA tá mordendo pra todos
os lados e prendendo piratas a rodo aqui. No mesmo programa dizia que o
jogo Baldur's Gate vendeu 300.000 cópias nos EUA quando foi lançado pra
PC. Poxa, se um jogo de PC quando lançado custa US$50,00 e esses caras
venderam, em poucos meses 300.000 cópias, faturaram US$1.500.000,00...
não acho que a pirataria tenha atrapalhado o negócio deles... isso
levando em conta apenas a BioWare, que criou o jogo. Agora imagina o
quanto a Sony, a Nintendo ou a Microsoft não estão levando quando
pensamos na leva de jogos que saem todas as semanas aqui. São muitos
mesmo, é até foda de acompanhar.
O mercado de videogames é muito lucrativo no mundo todo (menos no
Brasil, dizem...), e tudo é cotado em dólar! Cada vez mais gamers do
mundo todo estão dispostos a pagar pela última tecnologia em games e
consoles, tecnologia essa que cresce a cada dia, desde a sua criação.
Concordo com tudo que o George falou no protesto dele. Mas esquecemos
que quando Atari e Intellivision foram lançados nos EUA, o preço de
tabela destes consoles era de US$300.00... o mesmo de PS2 e X-Box nos
seus lançamentos (hoje custam US$200.00). Até mesmo no Brasil, um Atari
da Polyvox custava o olho da cara, e um cartucho original era tão caro
que valia mais a pena alugar no Vídeo-Clube do Brasil. Ou seja, a
tecnologia de ponta custa mesmo muito caro, e as pessoas estão dispostas
a pagar por isto. Sem esquecermos que a tecnologia que foi de ponta
ontem, hoje custa preço de banana. Achamos Dreamcast aqui nos EUA novo
na caixa por US$40,00 e ainda vem com 3 jogos... e ninguém compra.
Leilões de Ataris no eBay são tradicionais e conseguimos cartuchos por
US$3,00 em média... cartuchos que em 1980 custavam US$30,00.
Enquanto o Brasil for um país pobre (em termos), teremos de nos
contentar com a pirataria. E acho a pirataria, para nós brasileiros, uma
coisa maravilhosa... porque pagar os tubos em jogos originais se podemos
piratear? Tenho dezenas de jogos piratas em casa no Brasil e não me
envergonho disso.
Como o Dablio mesmo lembrou, prensar CD em Manaus, com caixa de plástico
e encarte, sai por R$1,00 cada... porque cobram R$120,00 num FIFA 2002?
No Brasil!?!? Será que a Electronic Arts (a brasileira) não percebe que
assim não vende e estimula a pirataria? E por um jogo que você compra e
menos de 1 ano depois sai a versão 2003? Tudo certo que envolveu uma
equipe de 50 profissionais e o diabo a quatro... mas R$120,00 num jogo
de PC, programado nos EUA, mas industrializado e embalado no Brasil
realmente é ridículo.
Porisso que sempre digo... itens importados são caros por causa do
câmbio e imposto... mas CDs produzidos no Brasil deveriam ser mais
baratos, e os camelôs nas capitais vão continuar fazendo a festa
simplesmente porque ninguém tem condição de pagar o que as empresas
cobram.
Bem diferente de cartuchos da Polyvox que eram, na realidade, importados
e com rótulos em português colocados em Manaus. O que justificava o alto
preço.
Nessa onda toda, hoje, no Brasil, o distribuidor de games pra PC que
mais fatura é simplesmente a CD GAMER, que vende jogos que não são mais
lançamento a R$15,00 num formato de revista, originais, com manual e
tudo. Bem mais adequado à realidade brasileira, compatível com seu bolso
e que rodam na sua máquina. São jogos consagrados (como Unreal, Driver e
Diablo). Acessíveis, e tenho quase todos que saíram até hoje.
Sinceramente, não vejo muita mudança no horizonte. As grandes produtoras
não lançam seus produtos no Brasil porque acham que aqui tem tanta
pirataria que não compensa, principalmente a Sony (mal sabe ela que o
PSX é o console mais jogado aqui). Quando sai algo, é nos preços que
foram ditos... R$1200,00 num GameCube que custa US$149.00 aqui nos EUA é
realmente ridículo, mas é a esse preço que a Gradiente vai trazer o
bicho para território tupiniquim.
Acho que vamos continuar no Brasil como sempre... se contentando com a
pirataria e o lixo do primeiro mundo dos games, que mandam pra cá jogos
obsoletos vendidos em revistas, ou itens e preços exorbitantes... ou com
a reciclagem de unidades e jogos velhos, nos quais somos especialistas
aqui no Canal 3!
Viva o Atari, o Intellivision e o Master System! To tirando os meus do
baú agora mesmo pra dar uma jogadinha! Hehehehe!
Um abraço e desculpas pelo e-mail meio grandinho e off-topic, mas esse é
um assunto que me interessa muito, e acredito a muitos aqui da lista.
-- Alexandre Pikelhaizen pike_at_b... +----------------------------------------------------------------+ | Videogames Classics - http://www.vgc.com.br/ | | Pikelhaizen Int'l Gems & Jewelry - http://www.pikelhaizen.com/ | +----------------------------------------------------------------+Recebida em Mon 16 Sep 2002 - 21:58:08 BRT