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| Arquivo no. 002|
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Como alguns sabem, o Ademir Carchano n comecou a trabalhar em
microinformatica c/ o MSX. Na verdade, a lembranca + remota q podemos ter do
Ademir foi o Ringo. Ringo? Isso, Ringo. O Ringo foi um clone do ZX-81,
fabricado pela Ritas, em 1983, 84. O anuncio vc pode encontrar nas
Microsistemas de 1984, c/ "motivos de faroeste". O Ademir projetou todo o
Ringo, o trabalho foi todo dele.
Na palestra onde ele falou do EDUCAR, aqui na ExpoSALT ele
contou-nos uma historia daquele tempo: Em 1984, a Ritas montou um stand na
Feira Internacional de Informatica (n lembro se no Anhembi ou no Riocentro -
era alternado, um ano no Rio, outro em Sampa). Naquele stand, a Ritas
colocou criancas p/ brincar no computador. Logico q pediram autorizacao aos
pais delas 1o., obvio. As criancas ficavam sentadas na frente dos
computadores, e o trabalho deles era brincar c/ o computador, programando.
As criancas adoravam, pois ficavam brincando no computador, criando e
inventando e ainda ganhavam lanche de graca. A Ritas tinha a demonstracao q
interessava a eles (mostrar o Ringo como um brinquedo sofisticado p/
criancas, educativo, etc.) e todo mundo saia feliz. E o q temos hj em dia?
Um monte de usuarios q n sao muito melhores do q um macaco adestrado.
Afinal, clicar num mouse, ate' um primata nao-humano faz.
Mas, voltando 'as historias MSXzeiras: O Carchano participou da
equipe q fez os Experts, na Gradiente. E o Expert e' baseado no MSX 1 da
National, o CF-3000. So' q a Gradiente tratou de comecar a fazer besteira,
extirpando do projeto o LED do Caps Lock e o reset, s/ contar c/ outras
coisas. A carcaca do micro era identica 'a do Expert, e o monitor da
National era semelhante ao monitor da National tb. Aquele mesmo espaco do
lado dos cartuchos (onde algumas empresas se aventuraram a colocar + 1 ou 2
conectores de cartucho) estava reservado p/ o drive de 3 1/2 desde o inicio,
tanto no Expert XP-800 (nome do 1.0) qto p/ o Expert GPC-1 (Gradiente
Personal Computer-1 - Expert 1.1), qto p/ o National CF-3000. A Gradiente,
segundo o Carchano, importou varios micros, de diferentes fabricantes
(Sanyo, Sony, Panasonic, National eram alguns) p/ estuda'-los e montar o seu
micro, no caso o Expert. Infelizmente n temos maiores informacoes a respeito
da fabricacao do 1o. Expert.
Mas e' sabido q a Gradiente quis fazer do seu MSX um micro padrao
Gradiente. A pinagem RGB do seu conector (completamente diferente do padrao)
e o conector da impressora (idem), o bus expansion, s/ contar q o conector
do teclado e' somente deles, vc n pode conectar um teclado de um MSX da
Philips no seu Expert, mas isso n e' tanto um problema.
Encontrei em casa um dia desses um folheto promocional da Gradiente,
c/ a foto dos "prototipos" dos futuros lancamentos dela p/ a linha MSX.
Segundo eles mesmos, o cronograma apontava quase todos p/ o inicio ou o fim
de 1987 (o drive de 3 1/2 era do segundo tipo). Eram "prototipos" pq n se
sabe se existiram mesmo. As vezes era so' a carcaca, ou algo 'fake', como a
MegaRAM feita de sabao (Delavy, aproveita e conta essa historia p/ o pessoal
rir um pouco!). Se eu conseguir botar a mao num scanner, passo tudo e coloco
em algum lugar na Web, como uma "ode 'aquele q acreditou".
Qto ao pessoal da Aleph, o prof. Piazzi tb foi contratado pela
Gradiente. Se vcs lembram-se bem, o prof. Pierluigi Piazzi, alem de
professor de Fisica de cursinhos pre'-vestibulares e do Anglo-Americano,
trabalhava c/ informatica ha' tempos. Se vc ver algumas MS + antigas, vao
ver o nome dele, tratando sobre o ZX-81, e o ZX-Spectrum (e suas diversas
'encarnacoes' q aqui teve). Ele tb foi editor da finada Microhobby (uma
revista muito boa, diga-se de passagem), q faleceu antes do surgimento do
MSX, no inicio de 1985. A Editora Aleph, na epoca, publicava alguns
livrinhos de informatica, p/ Apple (Peek, Poke e Call, do Vitor M*ha -
esqueci o resto do nome do cara) e Spectrum. Mas foi no MSX q ela fez o seu
nome. Hj em dia, qdo publica alguma coisa, e' ligado a ficcao-cientifica e
especialmente "Jornada nas Estrelas" (o prof. Piazzi e' comodoro da Frota
Estelar Brasileira). No campo pessoal, digno de nota sao as duas louras q o
acompanhavam em Brasilia, qdo nos encontramos, no encontro nacional de
Brasilia, em 1997. Disse ele q uma era a filha dele, outra a namorada. Entao
ele se separou da Beth Fromer? E', pelo visto sim. Mas n cabe a nos
fofocarmos sobre a vida alheia.
Pois e', junto c/ a sua equipe, o prof. Piazzi foi levado p/ Manaus
pela Gradiente p/ fazer o manual de BASIC do seu novo computador (Linguagem
BASIC MSX) e um livro didatico, explicando como programa'-lo (Dominando o
Expert). Uma das sequencias + curiosas q ele nos contou foi sobre o comando
BASE. Como vcs devem lembrar, o BASE n tem nada a ver c/ o "Ace of Base"
(daonde e' q eu fui me lembrar desse conjunto ridiculo?), mas sim definir as
posicoes das tabelas de sprites, padroes, etc., da VRAM. Pois entao, o prof.
Piazzi nos falou q teve um problema c/ esse comando, e nem c/ todo o
material q ele tinha 'a disposicao (infelizmente boa parte em japones - e
ele n entende desse idioma), tinha informacoes a respeito. Entao ele foi
procurar alguem q sabia do comando BASE, e no fim, perguntou a um
engenheiro: "Quem e' q + sabe sobre o MSX no Brasil?". Resposta: "Nesse
exato momento, voce^.". E' mole?
+ historias? Segundo eu soube, nem a Gradiente nem a Sharp tinham
conseguido a licenca da ASCII p/ fabricar MSXs, ou seja: os nossos MSXs eram
piratas. Disso desconheco, mas sei q a Gradiente obteve uma licenca junto 'a
Mitsubsishi, na epoca do Expert Plus, q dava-lhes direito 'a marca pelos
prox. 10 anos. E tinha tb o 'macete' q a Gradiente (na minha terra isso tem
outro nome, safadeza mesmo) fazia p/ baratear o micro: Ele saia de Manaus
como videogame, s/ o teclado. Vcs sabem, Manaus e' Zona Franca, logo p/
trazer algo de la', tem q pagar impostos. Fabricar la' entao, tem um custo
imposto pelo governo federal. Bem, qto ao Expert, ele se aparentava c/ um,
tinha 2 entradas p/ cartuchos na frente e 2 portas p/ joysticks... (nao, n
me batam!). Qdo chegava em Sao Paulo, la' era colocado o teclado no
"videogame" e entao ele era vendido como computador.
Ah, a proposito, a Gradiente deixou umas falhas de projeto (ainda!)
no micro, pois quem teve Expert lembra-se q ele emitia radio-frequencia pelo
gabinete. Ou seja, ele interferia c/ tudo q era eletronico por perto. Isso,
alias, era um erro cronico dos projetos de micros brasileiros. Lembro-me de
uma historia de um TK-90X q interferia no elevador de um predio (serio, ta'
na secao de cartas da Microsistemas, se n me engano a partir daquela
reformulacao, depois do no. 70). Por exemplo, o Amiga 500 contornou esse
problema ao colocar uma 'caixa' de metal dentro do gabinete. A placa-mae
vinha colocada dentro dessa 'caixa', o q evitava q a radiacao saisse do
gabinete e interferisse c/ tudo q estivesse ao redor.
Ainda fica uma historinha da Sharp. O sujeito q fez o manual HotBit
(o 1o. manual) foi meu professor de Quimica, e era colaborador da
Microsistemas. Seu nome era Nelson N. S. dos Santos, e ele recebeu um
HotBit, + manuais tecnicos, etc., so' p/ escrever o dito cujo. Depois q
escreveu, devolveu 'a Sharp. Ele era analista de sistemas (tinha uma empresa
prestadora de servicos) e era diretor da faculdade de informatica do MV1, s/
contar q era quase surdo e dava aulas de quimica so' pq gostava. Segundo
ele, o salario de professor mal cobria as contas do mes dele. E por ultimo,
ele tinha um Apple ][ c/ 4 Mb de RAM e HD. So' a carcaca era de um TK-3000,
ele funcionava c/ um ventilador apontado p/ dentro. Isso em 1990, em plena
reserva de mercado! Nunca + soube dele, infelizmente.
Depois vem +, ainda falta falar dos irmaos Burd e do Expert Putz/DD
Putz.
Referencias:
- Microsistemas de 1984.
- Papos c/ o Carchano, Piazzi e outros.
- CPU-MSX no. 15.
- Minha (boa) memoria.
Fim do arquivo.
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Ricardo Jurczyk Pinheiro
Recebida em Tue 21 Dec 1999 - 17:32:13 BRST