Google Custom Search

msX-Files - 3

De: Eduardo Loos <loos_at_z...>
Data: Tue, 21 Dec 1999 23:42:58 -0200

*-*-*-*-*-*-*
________________
| Arquivo no. 003|
---------------------------------------------------------------------------

O MSX surgiu no Brasil no Natal de 1985, como "o micro p/ a geracao
q vai mandar" (so' depois, no lancamento do Plus DD-Plus, e' q veio aquela
outra propaganda enjoada, de q "o mundo e' dos Experts"), ou como "um micro
de gente grande" (ou algo assim - segundo a Sharp). O MSX, qdo surgiu no
mercado, detonou c/ os outros computadores. Posteriormente, como MSXzeiro,
me senti mal c/ isso. Lembro-me de aconselhar a um amigo de cursinho de
informatica p/ q ele n vendesse o ZX-Spectrum dele e migrasse p/ o MSX, q
ele ficasse no Spectrum). N me sentia bem pq nunca gostei da ideia de
monopolio, nunca me senti bem c/ a ideia de q algo dominasse o mercado.
Alias, isso gerou em mim uma raiva, q eu chegava a ter raiva dos PCs
(1988-1990). P/ mim, o mundo poderia acabar nos MSX e eu estava feliz.

Entao, o MSX pipocou no mercado, vendeu + q agua gelada no calor do
deserto. Conheci o MSX na casa de um amigo do meu pai (e depois nunca + o
vi), e fiquei maravilhado. Pouco + de um mes depois, em 24 de maio de 1986
(droga, eu ainda decoro essas datas!), ganhei o meu, ops, nosso Expert.
Nosso pq tb era do meu irmao, mas ele nunca se interessou + do q p/ uns
joguinhos. Lembro ate' hj da fascinacao de ver aquela caixa de metal cinza
escuro no hall de casa me exercia. Quase n dormi de tanta alegria. Tinha 12
anos, e naquele dia em diante, minha vida foi mudada, passei a saber do q
eu queria viver: Trabalhando c/ informatica. "A maquina de fazer doido" q
conquistou meu pai, 20 anos antes, me conquistou.

Tenho certeza de q muitos q leram esse paragrafo vao relembrar a
1a. vez q olharam p/ um MSX e disseram: "E' meu!". Naquela epoca o Atari
2600 nosso ficou de lado, e posteriormente foi vendido. Outros vao dizer q
isso e' fudeba, q ficar falando de sentimentalismos aqui e' tolice... Ah, o
arquivo e' meu e pronto, falo o q estou a fim. =)

Entao comecou a pirataria de software. Como nenhuma produtora de
software tinha representante no Brasil, as proprias Sharp e Gradiente
comecaram a lancar fitas K-7 c/ jogos, como o "Faixa Preta" (na verdade
Jackie Chan in Project A) e tantos outros. Ainda tenho varias dessas fitas
em casa, e uma q fascinou pelo "realismo" foi o 737 Flight Simulator, by
Salamander Software... =) Manual bonitinho, caixa bacana, etc. Mas era uma
copia pirata. Fazer o q, era o unico jeito de surgir alguma coisa em termos
de Brasil. Muitas firmas q faziam pirataria p/ Apple ][, Spectrum, TRS-80,
logo estavam fazendo p/ MSX. Os anuncios pipocavam na secao de informatica,
eletronica, etc., nos classificados dos gdes jornais. O q vemos hj em dia,
vendendo CD-ROMs piratas, n e' nada comparado ao q eu vi. Logo surgiram
outros usuarios, + espertos, vindos de outras plataformas (embora a gde
maioria tenha comecado na microinformatica - como eu - no MSX), q se
articulavam e faziam copias de fita na casa daquele amigo cujo pai tinha 2
tape-decks, ou entao fazia um cabo macho-macho e copiava entre 2
gravadores. Os q n conseguiam fazer isso, ficavam tentando quebrar as
protecoes de copia. E a pirataria rolou solta, ate' gdes magazines (Mesbla,
Mappin), livrarias (Ciencia Moderna), etc., faziam copias de jogos. Isso
dava um bom dinheiro.

Foi ai' q o MSX comecou a ser olhado como um 'videogame de
teclado'. Surgiram softs nacionais. Lembro q na MSX Micro no. 1 ja' tinha
um anuncio do Amazonia, em versao p/ o MSX. Esse adventure baseado no
"Aventuras na Selva" (Microsistemas no... 26) ja' existia em versoes p/
TRS-80 (aonde o Degiovanni sabia programar) e Spectrum. Logo depois
surgiram o Sistema Editor de Adventures do Renato Degiovanni (e seu manual
de 120 paginas) e alguns outros programas via JMS Informatica.

Algumas empresas surgiram, produzindo hardware tb. O 1o. drive so'
surgiria no inicio de 1987, pelas maos da Microsol (isso tem historia...),
mas ja' em 1986 a Tropic Informatica agitava o mercado apresentando algo
realmente revolucionario p/ a epoca: um mouse p/ MSX! Isso, um mouse, de
marca TPX, q nem tinha uma bolinha, mas sim um par de rodinhas (uma na
horizontal e outra na vertical). Tenho um mouse desses ainda, so' q feito
pela Input Digital um tempo depois. Mas como o mouse era algo recente (o
Mac surgiu c/ o mouse como dispositivo de entrada em 1984), isso era
colocar o MSX 'na crista da onda'. Ao menos assim nos acreditavamos, como
bons MSXzeiros q eramos. N sei se a Tropic chegou a lancar em 1986, mas
realmente lancou. N era um boato, como o MSX da Dynacom ou o MSX 2 da
Racimec (MSX Micro no. 3).

Alias, a Tropic tinha uma "divisao" de software, chamada
Disprosoft. Alguem lembra deles, alem de mim? Comprei algumas fitas deles
(3, p/ ser exato), c/ embalagem bacana, etc. Qdo comecava a carregar, alem
do logo na tela, as bordas da tela piscavam de acordo como estava o
carregamento da fita: cor clara ou escura, azimute mal-ajustado. borda
piscando, tudo correto. Inclusive diziam q as fitas dela n eram possiveis
de serem copiadas. Alguem lembra disso? Foi ai' q depois de algum tempo,
surgiu um copiador, chamado Corilode. O autor do Corilode (desconheco quem
seja) descobriu o 'truque' da Disprosoft: Os arquivos eram gravados na fita
s/ header. Entao, um copiador normal n acharia aonde o arquivo comecava na
fita. Provavelmente eles removiam o header e a leitura era feita depois de
alguns segundos, pois sabiam q naquela posicao estaria comecando o arquivo.
Nada de muito sofisticado, mas naquela epoca... Pois e', e pensar q o
Ricardo M* (n lembro o nome dele todo, depois eu posso passar) dizia q o
objetivo da Tropic era dominar o mercado de software p/ micros pessoais no
Brasil... Li isso numa entrevista dele p/ a MS, se n me engano p/ a no. 56.
O Corilode fez c/ q a Tropic, q passava entao num momento + delicado de
financas, falisse. Exato. Todo mundo comecou a copiar os jogos da
Disprosoft e segundo soube, a Tropic foi pro saco junto. Esse copiador
ficou entao conhecido como "o copiador mata-empresas".

Mas, voltando aos micros: A Sharp tb fez a sua lista de
lancamentos, e como toda (boa?) empresa, descumpriu os prazos. Alias, ela
lancava umas ideias muito doidas, como o tal do "Disquete Sequencial (QD)".
Alguem sabe o q era isso? Suponho eu q fosse um microdrive, semelhante ao q
os micros Sinclair tinham (e ainda tem) na Inglaterra. Ou o "Controle de
Eletrodomesticos"? Se vc tiver acesso a uma revista daquela epoca, procure
o anuncio de pagina inteira, onde surge um homem de bigode, em mangas de
camisa, sentado numa mesa do lado de um HotBit q plotava um grafico de
pizza na tela do televisor Sharp (logico). Achou? Leia o rodape' do
anuncio. Voila'... No anuncio deles, eles mostravam disquetes de 5 1/4", 3
1/2" e o disquete de 3" (tipico do Amstrad ingles). Ja' pensou o MSX usando
uma coisa dessas? Seria curioso. Inclusive na MSX Micro no. 3, qdo pela 1a.
vez falou-se em drives p/ o MSX (mostrou-se um drive de 3 1/2 da Toshiba,
na vertical, de cor avermelhada - muito bonitinho, por sinal), a Sharp
mostrou alguns lancamentos na UD daquele ano. Por UD entenda-se Feira de
Utilidades Domesticas. A foto q tinha na revista era de um mouse,
curiosamente muito parecido c/ o meu mouse Yamaha, q ta' no meu T-R. Seria
coincidencia?

Ah, eu ja' ia esquecendo do LD... Algumas das apresentacoes q a
Gradiente fez foram controlando um LaserDisc da Pioneer (se n me engano, n
tenho certeza). E' sabido de todos q o Pioneer PX-7 (MSX 1 da mesma) tinha
um genlock embutido. No teclado do mesmo, havia uma tecla a +, p/ o
controle do genlock. Ficava no canto inferior direito. Vc pode achar fotos
desse dito cujo na Funet, se interessar. O curioso era q ele permitia
controlar o LD (algo completamente novo na epoca), atraves de uma unidade
de controle. Entao, nas suas apresentacoes, a Pioneer rodava um joguinho
(ou dois) q deixava todo mundo louco: O background do jogo ficava dentro do
LD. Logo, as imagens de fundo eram inseridas usando o recurso do genlock, e
o fundo sendo pintado c/ cor transparente. Ou seja, ele n era gerado pelo
computador, o q ele gerava eram uns sprites na frente. Logo, causava um
impacto sensacional.

Entao, o q tem a Gradiente c/ isso? Bem, como a fudebosa da
Gradieca tinha a facilidade de comprar produtos no exterior e levar p/
Manaus, eles importaram alguns Pioneer, Laserdiscs, um LD-player, etc.
Desmontaram um deles, e enfiaram ele dentro de uma carcaca de Expert. Logo,
p/ todos os efeitos, o Expert e' q estava comandando o LD e o show. So' q
aquele Expert era um Pioneer. Como eu nunca vi nas feiras de informatica
(passei a ir em feiras no tempo do OS/2) qdo o MSX mandava, n verifiquei se
o teclado era levemente diferente. Ambos tinham teclado destacado, logo era
+ facil p/ adaptar. Outra das demonstracoes curiosas q a Gradiente fez foi
um Expert (ate' prova em contrario, era um!) controlando um braco mecanico.
O controle era feito via slot, tinha um baita cartucho preto no slot B do
Expert, e um cabo ligava os dois. O mesmo pegava um CD num porta-CDs e
colocava num CD-player. Talvez ate' tenha fotos desse esquema em casa. N
era tao espantoso assim, na MSX Micro no. 1 vc podia encontrar um
comentario sobre robos sendo controlados por MSXs. Se n me engano foi a
Toshiba q fez os 'irmaos do R2-D2'. Mas mesmo assim eu n os vi, assim como
a historia do MSX da IBM q iria substituir o PCjr e q teria planilha,
processador de textos e banco de dados em ROM. N sei se existiram ao certo
ou eram montagem, mas q eu vi, eu vi.

Referencias:
- Microsistemas, 1985-1987.
- MSX-Micro nos. 1-4.
- Videoguia no. 3 (uma revista em quadrinhos da Ed. Abril cheia de
informacoes sobre computadores e tecnologia - foi la' q eu ouvi falar de
(C)BBS, Macintosh, etc., pela 1a. vez)
- Minha (boa) memoria.

Fim do arquivo.

----------------------------------------------------------------------------
Ricardo Jurczyk Pinheiro
Recebida em Tue 21 Dec 1999 - 17:33:54 BRST

This archive was generated by hypermail 2.2.0.